30 de dezembro de 2007

Um olhar para o meio ambiente!

Dias atrás, numa das minhas caminhadas, presenciei duas situações totalmente opostas. Numa delas, vi alguém deixar cair um saco plástico na calçada; deduzi que fosse a embalagem de um alimento qualquer tal o modo como o indivíduo, após o seu desleixo, levava a mão à boca enquanto seguia o seu caminho; indiferente ao que fizera. Logo atrás ia uma senhora de idade, cabelos brancos, que teve dificuldades para se abaixar e recolher a tal embalagem; quanto ela se aproximava do saco plástico, o vento o empurrava para mais longe. Achei que iria desistir. Mas, não... Foi insistente. Depois de tanto ser driblada, conseguiu apanhar o lixo e depositá-lo numa lixeira que havia a alguns metros à sua frente, no mesmo trajeto do “sujismundo” acima citado. Dois seres humanos; mas, com visões diferentes! Por certo, ambos vivendo na mesma cidade, tendo acesso às mesmas informações, por que hoje só não está bem informado quem não se interessa - os indiferentes às questões da saúde e do meio ambiente. Haveremos sempre (penso eu) de fazer a parte deles e a nossa. Não tiveram berço e nem escola. Portanto, nunca terão consciência de quanto à insensatez é prejudicial a sua própria saúde e a dos outros. As crianças de hoje já estão mais ativas. A escola ensina, a criança assimila, e exige dos pais a mesma atitude. Mas, nem sempre são ouvidas ou suas ações se anulam na irracionalidade do adulto que nunca se interessou pelas coisas da natureza, nunca plantou uma árvore, nunca valorizou a água que bebe, nunca parou para pensar... Nunca olhou o meio ambiente com os olhos do coração.
De um lado, os ambientalistas, os racionais, batendo de frente com os que propõem desenvolvimento a qualquer custo: os menos racionais. Os lá de cima do morro, desmatando e plantando seus barracos; não entendo por que eles vêem estorvo numa única árvore, que poderia lhes dar sombras, maior dignidade e lhes fazer parecerem menos pobres, até? Os cá de baixo, construindo prédios; um ao lado do outro, sem nenhum compromisso com as exigências municipais de preservar parte do terreno para áreas de lazer; a totalidade da área compromissada com o metro quadrado da construção, não importando se falta espaço lá fora. E falta, cada vez mais. Enquanto a criança é pequena, ela limita-se aos nichos dos apartamentos, das creches, dos pátios das escolas e de um ou outro playground dos edifícios onde moram. Depois de crescida, não tem para onde ir. Não cabem mais dentro de casa, nem nas ruas, onde o risco é cada vez maior. Assim, vamos nós todos, da raça humana, num descendo incontido.
Não podemos falar de saúde, sem lembrar escola, educação, ou envolver as duas coisas: “Educação para a Saúde”. O que significa um comprometimento maior do ser humano com a prevenção das doenças, ou seja, o indivíduo cuidar do meio ambiente, cuidar de si mesmo. Diferente de “Política de Saúde”, que depende das ações governamentais, “Educação para a Saúde”, não tem nada a ver com o nível de escolaridade do indivíduo; muitos analfabetos respeitam o meio ambiente; muitos doutores, nem estão aí... Sensato, é o compromisso do indivíduo com ele mesmo, com o semelhante e com o mundo. Lembrar que, em se tratando de saúde, não há mais fronteiras; a doença, não tem bandeira.
Àquela senhora, que com certa dificuldade pegou o lixo para colocá-lo no seu devido lugar, sabia que àquele plástico, que o vento teimava em levar para longe dali, ficaria por lá, até a quarta ou quinta geração dela. Mas antes disso, talvez matasse de engasgo alguma tartaruga marinha, já que estávamos à beira-mar. As tartarugas confundem plástico com água viva - um dos seus alimentos. Aquela senhora fazia a sua parte, ainda que suas articulações lhe reclamassem do esforço - pareceu-me! Mostrava também que sua preocupação não se restringia ao lixo na lixeira; mais que isso, dava o exemplo de que a saúde está ao alcance de todos, está nas nossas atitudes perante a vida, por isso, ela caminhava. Hipócrates há 400 a C., dizia que saúde é um “estado de equilíbrio entre as influências ambientais, modos de vida e os vários componentes da natureza humana”. Há citação dos escritos antigos: “Corpus hippocraticum” entre esse, o livro “Ares, Águas e Lugares”. Se alguém viu falar desse livro e sabe onde encontrá-lo, eu pagaria uns bons trocados para tê-lo em minhas mãos. Já naquele tempo, havia preocupação com o meio ambiente. Portanto, hoje, quando falamos em meio ambiente, não estamos falando de nenhuma novidade; apenas que, deixamos de lado este assunto algumas décadas atrás. Vem daí, a origem da maioria das doenças que apagavam muito cedo a chama de nossas vidas.

Nenhum comentário: