11 de janeiro de 2008

Amor de verão

O tecido de cetim solto sobre a pele macia; ele não havia lhe tocado pra saber, mas podia imaginar a textura daquelas formas femininas, os relevos curvilíneos em tamanho ideal, os côncavos onde o vestidinho se insinuava exato, como uma segunda pele entre-lhe as coxas, onde o vento contrário formava um colo e seus olhos não perdiam de se meterem ali, por inteiros. Diariamente ela passava em frente onde ele armava sua barraca, naquele verão; certo dia até falara um galanteio pra ela; mas não passara disso: ela nem ligara. Foi a procura, mas não mais a encontrou. Agora, ressurgia novamente. Via-lhe a perfeição da silhueta; a sombra dela projetada na areia caminhando ao lado. Aqueles seios impávidos sobressaindo-lhe do tronco, supostamente nus, os mamilos pontuando duas pirâmides simétricas, artesanais, lúbricas. Houve um sorriso, mas ele sequer retribui; não achou que merecia ou mesmo nem percebeu - tinha os olhos firmes lá, nos seios dela, imaginando-os, degustando-os em mente. Ela olhou novamente; sorriu-lhe. Então ele voltou à realidade – aquele olhar tinha um endereço único – acreditou! Acompanhou-a de olhos, os glúteos firmes em medidas e movimentos exatos, se elevando e baixando a cada passo dela, ela indo praia afora. Então, ele levantou-se, correu e a alcançou; não podia perdê-la novamente, no meio da multidão, como das vezes anteriores. Aparelhou-se com ela e recebeu em troca outro sorriso: os lábios grossos e acentuados no batom, os grandes olhos azuis refletindo nos seus um brilho incomum; como o sol tocando as ondas do mar. Era linda e sensual. E livre - pareceu-lhe -, a começar pela túnica sobrepondo-lhe à pele de pêssego; nua completamente por baixo – imaginava -; não fosse à tímida calcinha lhe marcando levemente o vestido na altura do bumbum. Cheirava a um recente banho perfumado. Era isso, ela traçara seus planos, maquiavélica, para atraí-lo? O verão já estava acabando. Era aquela a última vez que passaria por ali; depois, iria embora; quem sabe... Perguntou-lhe o nome - Rosalina. Ele apertou-lhe a mão – Floriano. E daquele momento em diante até o entardecer andaram juntos pela praia. Riram juntos. O sol havia feito a sua parte; o verão apresentara um ao outro, ainda em tempo. E quando o crepúsculo vespertino se foi, eles também se foram. Feitos aves de arribação - feitos um casal de gansos, batendo asas juntos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Achei muito interessante esse texto. Como é a minha primeira vez que entro num blog, estou fascinado. Mas como estou começando a ler seus textos brevemente lerei todos mais de mil vezes!
Abraços de um pricipiante
Leonardo Hilário da Silva

Anônimo disse...

Olá pai!!
Você precisa voltar logo para colocar mais textos por aqui!!
Saudades!
Bárbara

Karoline disse...

ótimo texto,parabéns ;D

Ju disse...

Gostei mto !!!

Parabéns pelo blog, Jairo !

Abço

Jurema
(Caminhante de volta à ilha-2008-2009)