2 de janeiro de 2016



Jairo ferreira machado
Deus existe
Quando eu era criança
Acreditava que Deus era um Pássaro
Me olhando lá do céu
Tomando conta de mim
Tanto para saber das minhas artes
Como das minhas boas ações
(Se é que um moleque faz boas ações?)
Acreditava que Deus
Era um Vigia incansável
Que me daria proteção
No momento que eu precisasse
Logo não tinha nada a temer
Bastava que eu fizesse o Sinal da Cruz
E rezasse o Ato de Contrição
Na hora de dormir...
E tomasse banho antes de deitar
Caso contrário, o meu Anjo da Guarda
Não cuidaria de mim
Eu vivia de perguntá-la
Onde o meu Anjo da Guarda passava o dia?
Ela me dizia muitas coisas
Crenças, mitos, suposições...
Nada que eu pudesse entender
Talvez não tivesse mesmo a resposta certa
Mesmo assim, eu acreditava em suas palavras
Era mais fácil para se viver
E saber que nunca estamos sozinhos
Eu continuo não estando só
Deus ainda me olha lá do céu...
Passados todos esses anos
Depois de ter repetido a mesma coisa
Para os meus filhos
Dizendo a eles algumas incertezas
Hoje, como sempre
Eu continuo não sabendo muitas coisas
Só sei que Deus existe
Em forma de Pássaros, sei lá?
Ou de um Anjo
Um anjo barbudo,
De cajado na mão...
Ditando ordens
Consertando os malfeitos
Puxando as orelhas dos moleques atrevidos...
Razão porque, vez em quando
Sinto minha orelha espichar-se
E arder-se...
Pois ainda não aprendi muitas lições
Tenho cá a minha parte criança
Mas sei
É sempre bom ter Deus por perto
Então, eu o digo
Deixa estar, seu Velho Barbudo
Um dia ainda deixo de fazer minhas traquinices
Um dia, uma noite dessas
Quando eu partir para junto de Ti
Como um Pássaro Dourado
Voando para os seus braços...

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